sexta-feira, 27 de maio de 2011

Sophia

Cadê você que eu não vejo? - me perguntei, olhando para a platéia daquela noite. Ele sempre estava lá: na segunda cadeira, da esquerda para a direita, na segunda fileira. Isso quando o local tinha cadeiras. No lugar que ele costumava estar, haviam duas crianças. Lindas. Meus olhos brilharam ao vê-las. Mas a felicidade de ver crianças não substituía a alegria de vê-lo. Eu era mesmo muito infantil de acreditar que algum dia aconteceria alguma coisa. E lá pelo meio, ele apareceu. Na última cadeira, da última fileira. “Cadê você que não me vê?”. Suspirei aliviada. E fiz toda a apresentação pra ele. Só pra ele.
Mas ele não me deixava entrar. Não me deixava ver o que havia por trás daqueles olhos castanho amendoados. Por trás daquelas tatuagens. Não deixava. Não conseguia, por mais que eu tentasse ou quisesse ou fizesse de tudo para perder meu medo.
Entretanto… entretanto, aquela noite foi diferente. Talvez não por vontade própria, ele foi arrastado, junto com a multidão, para onde eu estava. E entre tantos, consegui vê-lo. Abracei à todos, recebi todos os elogios com alegria. Ele parecia encabulado ao chegar até mim, mas naquela noite, quem recebeu o maior presente fui eu. O abraço singular e o perfume ainda estão em mim.




Por @flatoliveira

sábado, 21 de maio de 2011

anos 90


Doze anos atrás, um show, um contato, um autógrafo, um favor, um convite. Aquilo não era normal. Seu ídolo o convidando para tocar junto, elogiando, convivendo dia-a-dia...
Talvez se não fossem aquelas oportunidades, nada seria como hoje. Existia um respeito tão grande pelos caras, que até hoje isso se mantêm, a ponto de medir as palavras antes de dizê-las. Duca Leindecker foi uma das primeiras pessoas a acreditar que poderia dar certo. E essa confiança, com certeza fez a diferença.

“À tarde o Duca chegava e dizia ‘vamos fazer um som lá no fundo’ e eu tocava com ele. Todos me tratavam tri bem. Eu tocava com eles, os via saltar de paraquedas. Daí, de um dia pro outro o Cau morreu. Do nada. E o caralho… e o Cau morreu. E tudo mudou.”

Aquele cara que tanto falava sobre a vida. Aquele cara que o tratava tão bem. Aquele cara que encheu de sonhos e vontades a cabeça daquele menino de dezessete anos. Aquele cara morreu. Sem que nem ao menos ele esperasse.
O que poderia estar durando até hoje, acabou em menos de 150 dias.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Friday the 13th

A: Viu que dia é hoje
B: Sexta-feira
A: Mas não é uma sexta-feira comum, é uma sexta-feira treze
B: Hm, o que acontece
A: É um dia de terror
B: Pra mim todo dia é sexta-feira treze
A: Por que acha isso
B: Eu não acho, eu sinto
A: O que tu sente
B: Solidão
A: Mas eu estou aqui
B: Não te vejo
A: Estou falando contigo
B: Não te escuto
A: Estou escrevendo
B: Não acredito
A: Como não? Sou eu
B: Por favor, me dê uma dose da mais forte
A: Mas...



sexta-feira, 6 de maio de 2011

Rua Anchieta, 1775. Apt 409. Pelotas-RS.

Lembras de quando era pequeno? Era apenas um menino de sete anos, num momento não tão incomum quanto parece.  A ansiedade era imensa. Aquele cabelo todo desarrumado, aqueles chinelos Rider e aquela roupa que tua mãe escolhia.
Lembras de quando descia para frente do prédio às sete horas da manhã a espera do teu pai que todo sábado vinha te buscar, religiosamente às nove? Aquelas duas horas de antecedência eram as melhores. Sei que tu ficavas imaginando ele lá na esquina do colégio Sta. Margarida. E a cada adulto que enxergava, se arrumava todo como se já fosse a hora de partir.
E os sábados só começavam quando ele chegava, quando todo aquele nervosismo transformava-se em amor.

domingo, 1 de maio de 2011

30 de abril

E toda aquela história de “sem coração” foi desmentida ontem. Talvez tenha sido apenas por educação, mas eu senti sinceridade naquilo.
Minha incapacidade de falar não foi tão inesperada assim. Nem mesmo, o disparo do coração.
E, ontem eu percebi o quão grande é a minha admiração e o meu respeito pelo Rodrigo. Não o admiro apenas pelas composições, mas principalmente, pela pessoa que ele demonstra ser. E sei que ele é daquele jeito. É inegável, olhe suas origens.
Eu quis, eu consegui. 

Ídolo. Fãs. Amor. Realização. Música. Insanidade.